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Uma competição que une habilidades técnicas, competências interpessoais, comunicação e liderança. Até esta sexta-feira (3), o Futur.E, no Centro de Eventos FIERGS, recebe o torneio FRC Off-Season, que reúne 22 equipes de estudantes do ensino médio de oito estados do país, disputando com robôs de tamanho industrial, projetados e programados pelos próprios jovens.

A FRC (First Robotics Competition) desafia cada equipe a construir e programar robôs capazes de realizar tarefas complexas em uma arena competitiva. Sob regras rigorosas e recursos limitados, os estudantes desenvolvem uma ampla variedade de competências. O Torneio FRC Off-Season encerra a temporada 2024-2025 da FRC, que teve como tema “Oceanos”. O desafio “Reefscape” consistiu em coletar algas e criar corais, representados por bolas e cilindros, respectivamente. Cada equipe conta com seis a 12 alunos.

Um dos destaques é a equipe TecRobot, da Escola Sesi de São Leopoldo. Para o vice-diretor da escola, Mauro Menine, as competências desenvolvidas pelos alunos são diversas. “A principal é o trabalho em equipe, seguido da colaboração e da resiliência, já que o desafio muda a cada ano. Isso exige que tanto a parte técnica quanto a de marketing repensem estratégias, estimulando a criatividade. Além disso, os alunos desenvolvem habilidades de comunicação e networking, percebendo que fazem parte de uma comunidade que trabalha de forma conjunta”, afirma.

A metodologia da rede de Escolas Sesi integra robótica ao currículo através da abordagem STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática), das práticas no FabLearn — espaço “mão na massa” também integrado ao currículo — e da aprendizagem baseada em projetos. “A metodologia da escola Sesi é diferenciada porque o professor instiga a aprendizagem a partir de situações-problema do mundo real. Os alunos pensam em soluções criativas, desenvolvem competências e conteúdos, e no processo utilizam o Fab Learning para prototipar. Eles testam, erram, aperfeiçoam e aprendem fazendo, sistematizando conhecimento que está diretamente conectado ao mundo real”, explica Menine.

EXPERIÊNCIA DE ESTUDANTES
Caroline Steigleder, responsável pela comunicação da TecRobot, conta que começou na robótica com robôs de Lego e acabou descobrindo sua aptidão para comunicação. “O que me motiva a continuar é essa oportunidade de me conectar e conversar com outras pessoas dentro do universo da robótica. Desenvolver essas competências me ajudou a pensar no futuro profissional, e hoje vejo a comunicação como uma opção de carreira”, relata.

A equipe do Sesi de São Leopoldo compete com o robô Donatello, inspirado nas Tartarugas Ninja. “Desenvolvemos o robô a partir de um modelo base da FIRST, mas fizemos adaptações para torná-lo único. Criamos peças em parceria com patrocinadores de impressão 3D e desenvolvemos uma garra planejada pela equipe para coletar bolas, que muitas equipes não têm. Esse é um diferencial”, explica Caroline.

Outra equipe participante é a Paratech, do Pará. A estudante Renée Pedroso Tamegão Lopes Cavalleiro de Macedo conta que esta é a primeira vez que viaja para um torneio Off-Season e também para o Rio Grande do Sul. “O clima, a cultura e a comida são diferentes, e isso está sendo incrível. Estamos animados e orgulhosos de trazer nosso trabalho até aqui. A experiência tem sido única, e seguimos com garra, persistência e união, que representam a Paratech”, afirma.

Renée também destaca que a robótica despertou seu interesse por engenharia. “Mesmo sem conhecer esse universo, participei da equipe de robótica e comecei com Lego. Foi daí que nasceu a paixão por criar, inovar e desenvolver projetos, descobrindo a vontade de seguir engenharia”, conta.

O mentor da Paratech e professor do Sesi Pará, Antonio Roniel Marques de Sousa, ressalta as habilidades desenvolvidas: “Os alunos trabalham com matemática, informática, tecnologia, oratória, linguística, engenharia mecânica e elétrica, programação, CAD e integração do robô com software. Também desenvolvem competências em comunicação, mídia e divulgação, gerenciando canais como YouTube e Instagram”.

COMO FUNCIONA O TORNEIO
Segundo o juiz-chefe de avaliação do torneio Silas dos Santos Vergílio a arbitragem é dividida em funções específicas: “Na Arena, os juízes pontuam e garantem que os pontos sejam registrados corretamente. Os juízes de penalidades verificam infrações, e os juízes de pits, pelos quais sou responsável, avaliam aspectos técnicos dos robôs, processos de desenvolvimento, impacto social e organização das equipes, critérios para os prêmios”.

Na prática, as equipes criam robôs para jogar um jogo que muda a cada ano. Além da pontuação, os juízes avaliam autonomia, planejamento, impacto social e colaboração entre equipes, seguindo os valores da FIRST. Cada partida é disputada por duas alianças — vermelha e azul — compostas por três equipes sorteadas, garantindo que todos joguem com e contra diferentes parceiros.

Na temporada de 2025, os robôs manipulam dois elementos: a “alga”, uma bola verde, e um tubo especial. Cada partida dura 2 minutos e 15 segundos, começando com 15 segundos de modo autônomo, seguido pelo modo teleoperado, e encerrando com 30 segundos decisivos com interações específicas. Após a partida, pontos, faltas e conquistas são contabilizados, determinando o ranking e quem avança na competição.

“O FRC Off-Season é especial porque funciona como um laboratório para as equipes. Há menos prêmios e algumas categorias adaptadas, mas permite experimentar novos designs, treinar estudantes novos e se preparar para a próxima temporada”, afirma Vergílio.

Além da competição, o maior prêmio do torneio é concedido à equipe que gera maior impacto sustentável, com evidências apresentadas aos juízes, reforçando o compromisso com inovação, colaboração e aprendizado prático.

Publicado quinta-feira, 2 de Outubro de 2025 - 14h14
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